"Quem não conhece Deus, mesmo podendo ter muitas esperanças, no fundo está sem esperança, sem a grande esperança que sustenta toda a vida" (Spe Salvi - Bento XVI)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O melhor seguro de vida

Enquanto trabalhava no meu consultório em um posto de saúde de Vila Velha, no final do ano passado, recebi a visita de um representante que vendia seguros de vida para médicos. Relutei bastante em assinar porque iria me custar uns 40 reais por mês e não via grande utilidade. Afinal de contas, com 24 anos, não estava nos meus planos – e ainda não está – morrer. Mas o representante argumentou de todas as formas que podia, ele não desistiu fácil. Disse que também poderia me acontecer um acidente ou coisa do tipo e, como conseqüência, ficar incapaz para o trabalho. Lembrou ainda de muitas outras possibilidades e, depois de muita insistência, resolvi assinar o seguro. Levei em conta no final o bem-estar de algumas pessoas queridas que, no meu julgamento, fariam bom proveito dos meus vencimentos em caso de ausência minha.

Agora penso: o Sacramento da Confissão é também um tipo de seguro de vida. Ele me assegura mais do que qualquer outro, é garantia de vida eterna! Muitas vezes deixamos de procurar o Sacramento porque nunca achamos que vamos morrer agora, isso definitivamente, não está nos planos, principalmente durante a juventude. Por isso, deixamos sempre para amanhã.

 
Na verdade é coisa imprudente evadir-se dos Sacramentos. Não podemos prever o dia da morte, que vem “como ladrão”. Precisamos estar sempre preparados para morrer. Aliás, somente se estamos prontos para morrer é que podemos viver com segurança também, sem medos. Ter a garantia de vida eterna, um seguro que se pode renovar sempre que necessário e que reconcilia o cristão com a Igreja e com Cristo. Lamentavelmente, este Seguro de Vida está um pouco abandonado em nossos dias. E detalhe: é de graça, não precisa pagar mensalidade! Ao contrário, ainda recebe-se grande prêmio: encontrar-se com Jesus Cristo Rei do Universo em todas as Santas Missas e tornar-se uma só coisa com Ele na Eucaristia!      

Porém, não penso somente no grande erro que cometem os leigos ao afastarem-se da Confissão sacramental. Utilizando a história que narrei brevemente no início desta reflexão, quero falar um pouco sobre a figura do representante da seguradora. Ele insistiu comigo de todas as formas disponíveis, não porque se interessava diretamente pelo meu bem-estar ou dos meus dependentes, mas porque queria vender o seu produto. É próprio da profissão dele esforçar-se para que mais e mais pessoas contratem o seguro que vende. E os padres? Será que não deveriam se empenhar mais de todos os modos para que mais e mais pessoas utilizassem o Seguro de Vida que a Igreja oferece e que é superior a todos os outros? Não deveria lembrar aos fiéis com maior freqüência sobre o risco que correm andando em pecado mortal sem recorrer à Confissão? Por que ele não lembra aos que o ouvem sobre as graves conseqüências do pecado, sobre o inferno, sobre a eterna perdição da alma que morre fora do estado de graça?

Ora, se o vendedor de seguros, que estava preocupado apenas com o bom desempenho de sua profissão, empenha-se com todas as forças para vender o seu produto, quanto mais o padre, que tem por missão cuidar das almas das pessoas deveria se empenhar em divulgar e “vender” o “produto” que oferece!

O Sacramento da Confissão precisa de um novo impulso. Porém, infelizmente, não há compradores para produtos que não estão à venda. Se não há quem ofereça, não pode haver quem aceite, se não há quem faça a propaganda, não há quem tome conhecimento. Queremos representantes do seguro de Vida da Igreja. Cristo procura representantes que queiram entregar o seu perdão a todas as pessoas. Sobram vagas, afinal, é infinita a Misericórdia de Deus.  

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