"Quem não conhece Deus, mesmo podendo ter muitas esperanças, no fundo está sem esperança, sem a grande esperança que sustenta toda a vida" (Spe Salvi - Bento XVI)

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A intercessão dos Santos - parte 1

Uma pessoa me pediu que fizesse alguma postagem sobre o tema da intercessão dos santos. Realmente trata-se de um assunto polêmico e não muito simples para explicar. Tentarei então, utilizando a Bíblia, o Catecismo da Igreja e os textos disponíveis nos diversos sites de apologética católica, escrever sobre isso em blocos, conforme avançar no meu estudo, já que não domino a doutrina assim tão bem para escrever com propriedade. Pelo contrário, fiz o blog exatamente para me forçar a pesquisar, estudar, pensar e escrever, colaborando para a instrução de minha fé e também de alguém que possa se interessar.

Acho que serão pelo menos cinco postagens sobre o assunto. Aliás, o discurso do Santo Padre Bento XVI no dia de Todos os Santos, parece que servirá de ponto-de-partida para esse estudo e recomendo a leitura dele no post do dia 02/11.

Também reparei que um post por dia é exaustivo demais para quem lê e para quem escreve. Por essa razão, vou espaçar mais os textos, quem sabe dois ou três por semana, dependendo da necessidade. Assim, acho que vai ficar mais prático e razoável.

Em primeiro lugar, o que se precisa discutir aqui é “O que acontece com a alma logo após a morte?”. Alguns dizem que as almas ficam “dormindo” ou coisa parecida, enquanto aguardam pelo juízo final. Para responder essa questão, vamos ler alguns trechos das Sagradas Escrituras. Depois, vamos ver o que diz o Catecismo da Igreja Católica.

Está na Bíblia, por exemplo:

a) Lucas 9, 28-36

Passados uns oito dias, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e subiu ao monte para orar. Enquanto orava, tranformou-se o seu rosto e as suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que falavam com ele dois personagens: eram Moisés e Elias, que apareceram envoltos em glória, e falavam da morte dele, que se havia de cumprir em Jerusalém. Entratanto, Pedro e seus companheiros tinham-se deixado vencer pelo sono; ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois personagens em sua companhia. Quando estes se apartaram de Jesus, Pedro disse: “Mestre, é bom estarmos aqui. Podemos levantar três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias!...” Ele não sabia o que dizia. Enquanto ainda assim falava, veio uma nuvem e enconbriu-os com a sua sombra; e os discípulos, vendo-os desaparecer na nuvem, tiveram grande pavor. Então da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu filho muito amado; ouvi-o!”. E, enquanto ainda ressoava esta voz, achou-se Jesus sozinho. Os discípulos calaram-se e a ninguém disseram coisa alguma do que tinham visto.

Como Elias e Moisés poderiam estar dormindo e, ainda assim, envoltos em glória, conversavam com Jesus? Acho que este é um claro exemplo de que as almas de Moisés e Elias estão acordadas e não dormindo. Vamos ler um pouco mais outros trechos mas acho que este é o mais claro, pelo menos para mim. 




b) Lucas 16,19

“Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo e que todos os dias se banqueteava e se regalava. Havia também um mendigo, de nome Lázaro, todo coberto de chagas, que estava deitado à porta do jovem rico. Ele avidamente desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico... Até os cães iam lamber-lhe as chagas. Ora, aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado.
E estando ele nos tormentos do inferno, levantou os olhos e viu, ao longe, Abraão e Lázaro sem seu seio. Gritou então: Pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou cruelmente atormentado nestas chamas. Abraão, porém, replicou: Filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, mas Lázaro, males; por isso, ele agora é consolado aqui e tu estás em tormento. Além de tudo, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que os que querem passar daqui para vós não podem, nem os de lá passar para cá. O rico disse: Rogo-te então pai, que mandes Lázaro à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, para lhes testemunhar que não aconteça virem também eles parar neste lugar de tormentos. Abraão respondeu: Eles lá tem Moisés e os profetas; ouçam-nos! O rico replicou: Não pai Abraão; mas se for a eles algum dos mortos, se arrependerão. Abraão respondeu-lhe: Se não forem ouvir a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite algum dos mortos.”

Aqui Jesus está contanto uma parábola. Todavia, não teria sentido nenhum estabelecer esse diálogo entre Abraão e Lázaro, de um lado, e o jovem rico, de outro, se eles estivessem dormindo! Se as almas permanecem dormindo após a morte, como poderiam conversar? E como poderia pedir que mandase Lázaro testemunhar alguma coisa a alguém se ele estivesse dormindo? Vamos ver mais um trecho da Bíblia.

c) Mt 22, 29-33

Respondeu-lhes Jesus: “Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus. Na ressurreição, os homens não terão mulheres nem as mulheres, maridos; mas serão como os anjos de Deus no céu. Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes do que Deus vos disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó (Ex 3,6)? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas Deus dos vivos”. E, ouvindo essa doutrina, as turbas se enchiam de grande admiração.
Não me parece que Abraão, Isaac e Jacó, então, possam estar adormecidos. Mas vamos para outro exemplo.

d) Fl 1, 21-24

Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Mas, se o viver no corpo é útil para o meu trabalho, não sei então o que devo preferir. Sinto-me pressionado dos dois lados: por uma parte, desejaria desprender-me para estar com Cristo – o que seria imensamente melhor; mas, de outra parte, continuar a viver é mais necessário, por causa de vós.

Ora, o apóstolo Paulo diz que “desejaria desprender-me para estar com Cristo”. Assim, ao meu ver, o apóstolo tinha certeza que logo após a morte corporal estaria com Cristo e não, dormindo.

e) Ap 6, 9-10

Quanto abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos homens imolados por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: “Até quanto tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar nosso sangue contra os habitantes da terra?”.

Aqui no livro do Apocalipse, os mártires clamavam em alta voz, pedindo de Deus a justiça. Ora, se estivesse adormecidos, como poderia gritar e pedir alguma coisa? Certamente, estavam vivos e acordados.

Vamos ler agora, com calma, o que ensina o Catecismo da Igreja, a partir do número 1020:

O cristão, que une a sua própria morte à de Jesus, encara a morte como chegada até junto d'Ele, como entrada na vida eterna. A Igreja, depois de, pela última vez, ter pronunciado sobre o cristão moribundo as palavras de perdão da absolvição de Cristo e de, pela última vez, o ter marcado com uma unção fortificante e lhe ter dado Cristo, no Viático, como alimento para a viagem, fala-lhe com estas doces e confiantes palavras:

«Parte deste mundo, alma cristã, em nome de Deus Pai onipotente, que te criou, em nome de Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, que por ti sofreu, em nome do Espírito Santo, que sobre ti desceu; chegues hoje ao lugar da paz e a tua morada seja no céu, junto de Deus, na companhia da Virgem Maria. Mãe de Deus, de São José e de todos os Anjos e Santos de Deus [...]. Confio-te ao Criador para que voltes Àquele que te formou do pó da terra. Venham ao encontro de ti, que estás a partir desta vida, Santa Maria, os Anjos e todos os Santos [...]. Vejas o teu Redentor face a face e gozes da contemplação de Deus pelos séculos dos séculos».

A morte põe termo à vida do homem, enquanto tempo aberto à aceitação ou à rejeição da graça divina, manifestada em Jesus Cristo. O Novo Testamento fala do juízo, principalmente na perspectiva do encontro final com Cristo na sua segunda vinda. Mas também afirma, reiteradamente, a retribuição imediata depois da morte de cada qual, em função das suas obras e da sua fé. A parábola do pobre Lázaro e a palavra de Cristo crucificado ao bom ladrão, assim como outros textos do Novo Testamento, falam dum destino final da alma, o qual pode ser diferente para umas e para outras.

Ao morrer, cada homem recebe na sua alma imortal a retribuição eterna, num juízo particular que põe a sua vida em referência a Cristo, quer através duma purificação, quer para entrar imediatamente na felicidade do céu, quer para se condenar imediatamente para sempre.

«Ao entardecer desta vida, examinar-te-ão no amor».

Os que morrerem na graça e na amizade de Deus e estiverem perfeitamente purificados, viverão para sempre com Cristo. Serão para sempre semelhantes a Deus, porque O verão «tal como Ele é», «face a face» (1 Cor 13, 12):

«Com a nossa autoridade apostólica, definimos que, por geral disposição divina, as almas de todos os santos mortos antes da paixão de Cristo [...] e as de todos os outros fiéis que morreram depois de terem recebido o santo Batismo de Cristo e nas quais nada havia a purificar no momento da morte, ou ainda daqueles que, se no momento da morte houve ou ainda há qualquer coisa a purificar, acabaram por o fazer [...] mesmo antes de ressuscitarem em seus corpos e do Juízo universal – e isto depois da Ascensão ao céu do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo –, estiveram, estão e estarão no céu, associadas ao Reino dos céus e no paraíso celeste, com Cristo, na companhia dos santos anjos. E, depois da paixão e morte de nosso Senhor Jesus Cristo, essas almas viram e vêem a essência divina com uma visão intuitiva e face a face, sem a mediação de qualquer criatura».
Acho que, até aqui, ficou bem claro para todos nós que, após a morte temporal, a alma imortal atravessa um juízo particular e, antes mesmo do Juízo Final e da ressurreição da carne, estão no céu ou no inferno, dependendo da retribuição eterna a que fizer jus. Então, as almas não ficam adormecidas.

Na próxima postagem, vamos ver se existe contato entre as almas que estão no céu e nós aqui na Terra, ao que chamamos comunhão do santos. Paz e Bem!

Um comentário:

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